Monumentos de Portugal 30 julho, 2019

Palácio de Monserrate: um magnífico exemplar do romantismo em Sintra

Após conhecer diversos monumentos da Serra de Sintra, como o Palácio da Pena e o Chalet da Condessa d’Edla, nossa próxima visita é em uma das mais belas criações arquitetônicas do romantismo em Portugal: o Palácio de Monserrate

Situado próximo ao centro histórico de Sintra, o Palácio fica dentro do Parque de Monserrate e integra a Paisagem Cultural de Sintra, considerada Patrimônio Mundial da UNESCO.

Sua estrutura combina influências góticas, indianas e sugestões mouriscas, bem como motivos exóticos e vegetalistas que se prolongam harmoniosamente em seu exterior.

   

O nome Monserrate originou-se de uma pequena capela construída no local em 1540 e dedicada à Nossa Senhora de Monserrate.

Ao longo de sua história, a Quinta de Monserrate passou por diversos proprietários. Em 1789 Gerard de Visme construiu um palácio neogótico sobre as ruínas da antiga capela. William Beckford alugou a propriedade em 1793, realizando obras no palácio, começando a criar um jardim paisagístico. Mas somente em 1863, por ordem de Francis Cook, futuro Visconde de Monserrate, que o local teria seu palácio e jardins renovados para servir de residência de veraneio e ganharia os contornos atuais, tornando-se um belo exemplar do romantismo português.  

A estrutura do palácio tem um corpo central e duas alas laterais, simétricas, unidas através de átrios e de uma galeria central para a qual abrem as várias salas do edifício.

 

Átrio Sul

Uma das entradas do palácio é o átrio sul, um espaço octogonal com arcos góticos e colunas de mármore rosa. O gesso decorativo do teto simula uma área coberta sob folhagem de carvalho e seria, originalmente, policromada.

    

 

Átrio Principal

Também em formato octogonal, o átrio principal localiza-se no centro do Palácio de Monserrate. Neste espaço, os destaques são a fonte de alabastro de inspiração classicista, a estátua e a cúpula, profusamente decorada com madeiras e estuque causando grande efeito cenográfico. No vestíbulo, há um sistema de iluminação com painéis indianos de alabastro, que funcionam como biombos esculpidos para realçar a arquitetura e a decoração.

   

 

Escadaria

A majestosa escadaria feita em mármore de Carrara dá acesso ao piso superior do Palácio de Monserrate, onde se localizavam os quartos. Destacam-se quatro painéis de alabastro, vindos da Índia, e a magnífica estrutura de pedra, decorada com um padrão de folhas de hera, dando ao espaço um caráter monumental.

    

 

Galeria Central

A galeria central é o corredor de ligação entre as diversas salas e torres do Palácio de Monserrate. Ela é totalmente revestida por estuques em alto relevo de padrão mourisco. A sucessão de arcos marca o ritmo das colunas e potencializa o efeito da perspectiva e da luz natural.

    

 

Sala Indiana

Os elementos europeus e mouriscos se misturam com influências indianas nesse palácio que é único em seu estilo. Na Sala de Estar Indiana, também conhecida como Sala de Desenho, o destaque fica para o florão central do teto e os frisos dourados em todos os contornos. Fotografias da época permitem perceber que este espaço apresentava mobiliário de diversos estilos e origens, dos quais sobressaíam os dois sofás de madeira da Índia, dois armários e muitas porcelanas chinesas. Nas paredes surgiam panos de caxemira da Índia, tecidos com seda e um grande espelho com moldura de cristal de Veneza.

   

 

Sala de Música

A nobre Sala de Música ocupa a parte norte do edifício e possui um piano e várias esculturas em mármore. Sua planta é circular, sobressaindo a harmonia da proporção entre a planta e a cúpula, decorada em estuque com motivos florais dourados. O friso é animado com representações de musas e graças, símbolo da idílica harmonia do mundo clássico.

Com condições acústicas excepcionais, esta sala é atualmente usada para recitais e concertos. 

   

 

Sala de Bilhar

O Palácio de Monserrate tinha uma sala dedicada em exclusivo ao jogo de bilhar inglês. A Sala de Bilhar é decorada com estuques em alto relevo, com a mesma composição decorativa da Sala Indiana. No pavimento, ainda é possível observar as marcas dos pés da mesa de bilhar que deu nome à sala. Os dois grandes espelhos, não só parecem prolongar o espaço como lhe atribuem também a designação de Sala dos Espelhos.

 

Biblioteca

Na biblioteca do Palácio de Monserrate, o destaque é a porta em madeira de nogueira espanhola, talhada no século XVIII. Suspenso no teto, o lustre semelhante ao original ilumina o espaço repleto de valor artístico. Os papéis de parede e os móveis e objetos de época ricamente ornamentados também chamam a atenção.

    

 

Sala de Jantar

As paredes da Sala de Jantar do Palácio de Monserrate apresentam, atualmente, uma versão da composição decorativa original. A cor, o relevo e a pintura conferem-lhe o esplendor perdido ao longo do tempo. No passado, esta sala era decorada com grandes quadros de temática religiosa, tapetes orientais e muitas peças de porcelana e de prata que ornamentavam o aparador e compunham a grande mesa disposta ao centro da sala.

    

 

Cozinha

Situada no piso inferior do Palácio de Monserrate, a cozinha tem janelas e ligação direta para o exterior. O fogão, fornecido pela Serralharia Lisbonense, é uma raridade, dado que não tem a chaminé superior: a fumaça era conduzida pelo interior do fogão e depois por um encanamento sob o pavimento, ligado a uma das chaminés do palácio.

   

 

Capela

A capela do palácio abriga a imagem em mármore branco de Santo Antônio e era o lugar de oração e evocação do santo português. Entre as obras de arte que compunham a sala, destacavam-se uma cruz de prata e um retábulo de alabastro do século XVI, que atualmente está no Museu Nacional de Arte Antiga.

   

 

Piso superior

No piso superior se encontravam os espaços mais íntimos do Palácio de Monserrate. Atualmente, estes espaços destinam-se à exposições de fotografia, sobre a vida no palácio e as obras de recuperação que recentemente sofreu, e à realização de conferências e outras atividades. 

    

 

Jardim

O Palácio é envolvido pelos Jardins de Monserrate, considerados uma das mais belas criações paisagísticas do Romantismo em Portugal. Um belo jardim paisagístico de influência vitoriana, com mais de 3 mil espécies de árvores, flores e plantas vindas de todo o mundo e organizadas por áreas geográficas, refletindo as diversas origens, que compõem cenários ao longo de caminhos sinuosos, por entre ruínas, recantos, estátuas, lagos e cascatas.

A elaboração dos jardins explorou as particularidades micro-climáticas da Serra de Sintra, obtendo-se, deste modo, um magnífico parque que proporciona aos seus visitantes um passeio pelos cinco continentes através da botânica!

   

   

 

Ruína da Capela de Monserrate

A falsa ruína da autoria de Francis Cook é um elemento fundamental para o espírito romântico do Parque de Monserrate. Ela foi criada a partir da capela edificada por Gerard DeVisme em substituição à antiga capela de Nossa Senhora de Monserrate. Pouco resta da capela, que engolida pela vegetação, forma um cenário interessante que nos envolve na mística do local.

     

O Palácio de Monserrate foi visitado por Lord Byron, poeta anglo-escocês e figura notável do Movimento Romântico. Ele visitou a quinta em 1809 e de tão encantado, descreveu a sua beleza numa das suas obras no poema “Childe Harold’s Pilgrimage”. O local de Monserrate foi designado pelo poeta como o “primeiro e mais lindo lugar deste reino”. Essa menção contribuiu para que o local se tornasse uma atração de grande interesse para viajantes estrangeiros.

 

Venha fazer uma viagem ao passado romântico do século XIX e conheça os recantos da natureza cuidadosamente desenhados e os salões dos tempos áureos da alta sociedade portuguesa.

 

Assista também ao nosso vídeo e veja imagens encantadoras do Palácio de Monserrate.

 

 

Créditos foto aérea de capa

Reprodução: PSML
Fotografia: Wilson Pereira