Espaço Memória dos Exílios, o resgate da memória dos refugiados em Portugal

Em nossa passagem pelo Estoril, pudemos conhecer o Hotel Palácio Estoril e as incríveis histórias desse conceituado local que hospedou diversas figuras ilustres.

Algumas delas escolheram Portugal como lugar de refúgio e paz em tempos de guerra na Europa, e estão entre as homenageadas no Espaço Memória dos Exílios.

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Situado no centro do Estoril, no piso superior da Estação dos Correios, o Espaço Memória dos Exílios está instalado em um edifício de 1942, da autoria do arquiteto modernista Adelino Nunes.

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Inaugurado em fevereiro de 1999, o Espaço Memória dos Exílios tem como objetivo preservar a memória de um dos acontecimentos mais relevantes da história do concelho: ter representado um local de refúgio, espera e passagem de milhares de exilados e refugiados dos conflitos europeus, particularmente os anos 40, durante a Segunda Guerra Mundial.

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No Espaço Memória dos Exílios encontramos registros fotográficos, objetos cotidianos e documentos, como as fichas de refugiados que eram enviadas pelos hotéis para a polícia política do regime.

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Vinícius de Moraes, ilustre poeta, dramaturgo, escritor, compositor e diplomata brasileiro é um dos registros que encontramos no Espaço Memória dos Exílios.

Em 1939, em decorrência da Segunda Guerra Mundial, Vinicius de Moraes passou um período em Portugal aguardando a partida do navio de retorno ao Brasil. Acompanhado pela esposa Tati e por Oswald de Andrade, ele ficou hospedado no Hotel Paris do Estoril, onde escreveu um dos versos mais famosos de toda a sua obra poética: O Soneto de Fidelidade.

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A colecionadora de arte Peggy Gugenheim e o pintor surrealista Max Ernst passaram uma longa temporada no antigo Hotel Atlântico, à espera de melhores dias, deixando para trás o horror indescritível dos campos de concentração.

Ian Fleming, o autor de James Bond e que na década de 40 trabalhou para os serviços secretos britânicos, hospedou-se no Hotel Palácio do Estoril, em maio de 1941, e era frequentador assíduo do Cassino, onde inspirou-se para criar a história do agente 007, ‘Cassino Royale’.

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Uma das histórias contadas no Espaço Memória dos Exílios é sobre a família Rosenthal, que representa a perseguição nazista sofrida pelos judeus nas décadas de 1930 e 1940.

Aos 18 anos, Siegfried Rosenthal foi expulso do liceu por ser judeu e refugiou-se em Portugal com a mãe, Regina. O pai, Sigmund, ficou na Alemanha, e não voltaria a se encontrar com a família.

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Um postal enviado em 1940 por Sigmund de um dos campos de internamento franceses por onde passou, foi cedido ao espaço por seus familiares. O postal destina-se a Regina e Siegfried, alojados na Vila Hortensia, no Monte Estoril.

Este documento que simboliza a história da perseguição dos judeus e do refúgio que encontraram em Portugal.

Sigmund foi deportado para Auschwitz em 16 de setembro de 1942, de onde não se obteve mais notícias.

Siegfried fez a sua vida em Portugal. Morreu em 2014, no Monte Estoril. A sua vida está contada em ‘Histórias Desconfinadas’, exposição do Espaço Memória dos Exílios.

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Os documentos reunidos pelo Espaço Memória dos Exílios permitiu confirmar a passagem pelo Estoril de alguns dos mais importantes refugiados da Segunda Guerra Mundial, com destaque para Antoine de Saint-Exupéry, escritor, piloto, mundialmente famoso por sua obra “O Pequeno Príncipe” (O Principezinho, em Portugal).

Sua passagem pelo Estoril permitiu-lhe escrever o pequeno livro Carta a Um Refém, onde descreve a vida quotidiana dos refugiados, sempre em busca de uma noite favorável no Casino Estoril para poderem comprar uma passagem de avião ou um lugar a bordo de qualquer navio que fizesse aquela rota.

Depois, o escritor viria a incorporar-se como aviador nas forças dos Aliados, acabando por ser abatido por uma esquadrilha alemã perto da Córsega, no final de Junho de 1944. O seu corpo e o seu avião de reconhecimento nunca fora encontrados.

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O Espaço dispõe ainda de uma biblioteca especializada em História Contemporânea, com ênfase em temas relacionados com a Guerra Civil Espanhola, Segunda Guerra Mundial, Holocausto, Exílios, Judeus e Estado Novo.

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E terminamos por aqui a nossa visita ao Espaço Memória dos Exílios, um resgate da época em que o eixo Cascais – Estoril era um local de refúgio, espera e passagem para milhares de exilados e refugiados dos conflitos europeus.

Não deixe de assistir ao vídeo de nossa visita ao local e confira os comentários de Inês Fialho Brandão, Coordenadora do Espaço Memória dos Exílios.

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